O Luto Continua...
O luto tornou-se nos últimos tempos, sobretudo em 2016 em algo banalizado. Vamos fazendo umas publicações nas redes socais sobre artistas, cientistas ou políticos que nos vão deixando com um rasgado pesar.
A espaços, menores, vamos lamentando os que morrem no mediterrâneo a fugir da guerra, mas apenas quando a mortandade é excecionalmente mais elevada para justificar a noticia, a espaços ainda menores lá vamos demonstrando algum incomodo com Alepo.
Ontem assisti a dois funerais.
O primeiro, o de Mário Soares seria o funeral obvio, já escrevi umas palavras sobre o tema e não regressarei a ele.
O outro, parecendo que não, está relacionado.
Parece que não porque não tem corpo físico e as exéquias precederam o funeral em si em 9 dias.
Refiro-me obviamente ao fim do mandato de Barack Obama, ao seu discurso de despedida, à tomada de posse de Donald Trump dia 20 deste mês, à conferencia de impressa deste ultimo já no dia de hoje.
Sinto aquele nó no estomago que sentimos na antecipação de algo que pode correr francamente mal. Um louco prepara-se para tomar posse de uma das potencias mundiais e mesmo já fora da campanha eleitoral continua no mesmo registo incauto, medonho, erróneo, doente, discriminatório, poluidor, constrangedor…
Tenho a estranha sensação que ou assisto a um momento histórico ou ao fim da história.
Por toda a Europa os radicais de direita, esses que durante tanto tempo se esconderam debaixo de pedras já gritam alto e bom som com atrevimento e sem medo.
A China investe sem parar em armamento e a Rússia não fica muito atrás.
Nós por cá nem vamos dando conta porque andamos entretidos com o juro de 4% da venda de divida publica.
É nesta altura que é suposto deixar de ser ateu e acreditar num milagre de Lazaro para a democracia, para a liberdade e para a justiça?